quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Misiones Paraguayas...

Chegar até Encarnación até que foi "fácil"...
Foram só Uma hora de carro, uma hora e meia de espera, 23,5 de São Paulo a Asunción, +24,5 em Asunción (um giro de 22km pela cidade, jogo do Cerro Porteño no Defensores del Chaco), +6 horinhas de ônibus e finalmente cheguei em Encarnación.

O "Comissário de Bordo" do omnibus, que em Asunción me cobrou G$ 30.000 (con descuento) para por a bike no bus, me perguntou:
- Todo listo?
- Si. Si.
- Adios(!?).

Por preguiça, pensei, não coloquei a bike no malabike. Apenas o usei para proteger a bike que foi encima de um pneu que estava no bagageiro.
Hora de arrumar a bike.
Sem apoio, ajuntei as traia de trás perto da traseira da bike, e as da frente perto da frente, beleza! (?)
Assim fui. Alforge traseiro (mochilas que vão ao lado da roda traseira): um velcro, outro, outro e outro. Uma, duas, três, quatro fitas. Segurando a bike com as pernas peguei o Top Bag (mochila que vai encima do bagageiro traseiro) e...
- Cadê o malabike? Putz, ficou no ônibus...

Me surpreendi com minha atitude, uma tranquilidade incrível.
Perguntei ao senhor que vendia Chipia (uma rosquinha parecida com pão de queijo com erva doce, muito bom) se o ônibus iria para alguma garagem e ele me disse que seguiria até Maria Auxiliadora (outra cidade) e que talvez voltasse ali perto da meia noite. Ele me indicou o quiosque da empresa de ônibus.
Fui até lá, falando em Espanhol com o atendente que fez uma cara de: "Coño, ahora me viene este con trabajo para mi."
Para demonstrar mais sua cordialidade, conversou com a tripulação do ônibus em Guarani e simplesmente me disse para esperar o ônibus na rotatória da Avenida Caballeros. "Y ya está!"
"Para Jesús nada es imposible" dizia um cartas atrás dele, acho que ele não leu.

Bem para quem achava que não tinha nada para fazer, a não ser curtir a cidade, que por sinal é muito agradável, achei muito o quê fazer:
- achar um mapa da cidade para encontrar a tal avenida;
- achar a tal rotatória na avenida;
- achar um lugar para dormir que aceite a bike;
- achar uma oficina de turismo para saber mais sobre as Missões.

Rodeando o Terminal para ver se achava a tal oficina de turismo, mesmo que fechada, vi um cara com a cara do Claudião de TI da Nexans. Pensei, deve ser gente boa, e era.
O cara simplesmente resolveu todos aqueles pseudo-problemas: me deu um mapa, arrumou um hotel bom, barato e que aceitava a bike, me deu informações sobre as Missões e ainda por cima, recuperou a capa da bike. Seu nome, Isidro. As 23:15 eu estava com o malabike nas mãos. Além disso, ele ainda me informou que eu teria que ir uma cidade além de Oligado para cruzar o rio futuramente.

Bom início! Do nada, um problema completamente meu, foi resolvido pela ajuda de várias pessoas que há horas atrás eu nem imaginava conhecer. Verdade, "nada es imposible".

Na manhã seguinte, 15 de fevereiro; encontrei e fui reconhecido por um brother; fui me despedir do Isidro e iniciei a Rota Jesuíta.
Antes de sair da cidade, quis visitar a Ponte Internacional São Roque Gonzales. No caminho fui abordado por Gino Miguel, um jornalista local que ficou interessado em saber por que estava com uma bicicleta toda carregada daquele jeito. Bem, valeu uma pequena entrevista, que ele disse sairia na Rádio local, FM 102.5 e num periódico semanário. Vixi, quando sai dali eu só faltava explodir de felicidade, realmente me sentindo por estar sendo notícia local, melhor, internacional.

Vi a tal ponte que mescla riqueza e esperança acima e pobreza e miséria embaixo, não bem embaixo da ponte, mas perto de sua base, pedalei por uma espécie de favela paraguaia. Perguntei de onde dava para ver melhor a ponte, me indicaram, tirei umas fotos, ninguém mexeu comigo. Pelo contrário: Buen viaje!

Hora de estrada, eu pretendia ir até Trinidad (30 km), de lá, ir e voltar a Jesús (+24 km). Quando sai da cidade já tinha pedalado 9 km dentro dela.

Entre Encarnación e Trinidad, pela Ruta 6, há muitas subidas e descidas leves, o asfalto é bom e o acostamento é largo.

No meio do caminho um policial me parou, acho que foi por pura curiosidade. Só me perguntou de onde vinha, para onde ia, da onde era, etc. Enquanto isso, motoristas sem cinto de segurança, motoqueiros sem capacete, passavam a vontade. Cuidam das formigas, mas os elefantes passam.

Finalmente Trinidad, era finalmente mesmo, não iria para Jesús naquele dia, o corpo de atleta (valeu Ronaldo), não me permitiu ir além.
Boa notícia, poderia acampar ali.
Descarreguei a bike.
Montei acampamento.
Fiz um almoço. Eram três e meia e estava faminto.
Fiz um suco que mãe mandou.
Hora de ver a primeira ruína. Queria tirar uma foto com a bike, não foi possível, um "educado" policial me disse: "Saca, saca, saca tu bicicleta de ai. Andale."
"Si. Si. Ya me voy." Respondi. Acho que meu rosto de felicidade o ofendeu. Desculpa ae.
Voltei, guardei a bike e subi de novo. Muito bonito. A antiga casa dos índios, nem tanto, mas a igreja principal é fantástica. Bem trabalhada. Mas ainda estava cansado. Não consegui curtir legal.
Desci, montei a rede, cochilei um bom tempo. Acordei, vi o sol baixando, baixando.
- Putz, vou subir agora para ver as Ruínas com as luzes do Por do Sol. Mais lindo ainda.


Redução Jesuíta de Trinidad - Paraguai

No outro dia, 16/02, acordei com a claridade do dia. Comi um pãozinho e dos 12, 11 eram de subidas em degraus. Sobe, sobe, sobe, desce um pouquinho, sobe, sobe, sobe... até Jesús. Lá encima algo na bike me incomodava, o alforge dianteiro estava pegando nos aros e pneu.

Tentei arrumar e resolvi visitar as ruínas de Jesús primeiro. Menos conservada que as de Trinidad. Fiquei pouco tempo ali, tinha muito chão para rodar nesse dia.
Resolvi o problema do alforge. Usei a aranha azul de motoqueiro que meu irmão Becão me deu.
A subida levou uma hora e a descida menos de quarenta minutos.

Um problema que tive em Trinidad, não havia Cajero (Caixa Eletrônico). Talvez haveria um em Hohenau.
Nada feito.
Agora em Obligado, uma cidadezinha à margem da rodovia.
Um menino de doze anos, o Brendo me levou a um banco, Não tinha cajero neste banco, voltei a cidade e finalmente achei o cajero. Estava quase sem nada, mas um quase sem nada o suficiente para cruzar a fronteira.

Para cruzar a fronteira teria que ir até Bella Vista e de lá pegar uma longa avenida de 8,5 km, trilha sonora, EngHaw e quando tocou Parabólica, lembrei da Sara e senti saudades, Princesinha Sarabólica.

Finalmente o Porto, a Balsa, outra entrevista. Tô ficando importante.

Liberado no Paraguai, subi na Balsa para cruzar o Rio Paraná. Esse rio que tem águas lá da cachoeirinha da Placa, que foi para o Ribeirão das Lavras, que virou Rio Juqueri-Mirim, que virou Tiete, que cruzou o Estado de São Paulo para virar Rio Paraná. O mesmo que estou levando apenas 8 minutos para cruzar de balsa.

Argentina, no problems para ingressar.

Saída da fronteira, 3 km de subida de terra., primeiro pueblo, Corpus, pela primeira vez me ofereceram o Terêrê, Mate com água gelada.

De Corpus, pela Regional 6 fui até a "Ruta" 12 (oh... estradinha ruim), o asfalto uma lástima, sem acostamento pavimentado, que as vezes era de pedra, outras vezes terra, depois era só mato mesmo.

Conclusão aumentou trepidação e ouvi um barulhinho estranho, que me lembrou Coimbra. Dito e feio era barulho de aluminio no pneu. O bagageiro dianteiro quebrou, na verdade soltou as soldas. Desespero? Que nada.
Tranqüilo. Na verdade, resignado. Arrumei a bagagem no bagageiro traseiro e o Top Bag virou mochila nas minhas costas e simbora. San Ignácio estava logo ali. Esse logo ali, foi cansando e cheguei a me perguntar: quê que eu estou fazendo aqui? Ainda não achei a resposta, acho que essa deve ser a graça disso tudo. Não saber o que está fazendo, apenas estar fazendo.

Mais uma subida e desisti de seguir pedalando, empurrei. Olhá que só faltavam 500 metros para a entrada da cidade e eu não sabia, Subi empurrando os últimos metros dos mais de 77 km que fiz nesse dia.

Queria uma cama para dormir, cheguei no albergue & camping e não havia quartos, mas o clima do El Jesuita eera tão bom que fiquei ali mesmo. Montei barraca, tomei um bom banho e estava refeita minha dignidade.

2 comentários:

  1. Olha Cara, vc deve estar provocando a curiosidade exatamente pela demonstração de alegria que uma bike pode proporcionar, vc sabe bem!!!
    Aliada a conquista de novos desafios, coragem determinação e demosntrações de solidariedade de pessoas que vc jamais teria comhecido se não fosse esta nova "bicinhada", devem ser um combustível perfeito para sua jornada.

    Vai firme Clebão!!!

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  2. Fuerza amigo, hasta el final de la carretera, o medio, o principio, o lo que sea...

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