quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Misiones Argentinas

Como disse no post anterior o El Jesuíta de San Ignácio Mini tinha um clima diferente. Tudo muito simples e rústico, mas de profissionalismo e cordialidade incríveis.
Com o problema da bike e algumas dores no corpo, decidi ficar um dia naquela cidade para sanar os problemas da bike e corpo, entre outros afazeres domésticos, como lavar roupas.

No dia seguinte fui procurar uma solução para o bagageiro dianteiro, ou um novo, primeira opção ou a solda. Na própria rua San Martin tinha uma oficina de bike, nada; na loja de bicicletas e casa de construção, nada; outra loja desse tipo, nada. Voltei ao albergue, peguei a bike e mostrei o problema para o tal mecânico e ele me indicou o Willy que solda alumínio. A princípio duvidei.

Fui lá, bem na hora da siesta e não fui muito bem recebido, tinha de voltar as três. Era o jeito.
Três e dez eu estava lá. O senhor de meia idade que antes me recebera sem camisa e me "disse" para voltar depois, agora era outra pessoa. De jaleco azul examinou o bagageiro e disse que tinha jeito sim.

Em uma hora e meia de papo e soldas, o bagageiro estava bom de novo. O Willy, na verdade é o pai do Otto (o soldador), que segundo seu filho, foi ele que criou a própria máquina de solda em 1966. O Pioneiro na Argentina, porém carente de registros. Inclusive a máquina que utilizou é completamente artesanal.

Bem achar um soldador de alumínio em uma pequena cidade foi bem mais que providência divina. Coisas assim nos dão motivação, como se fosse a voz dos parentes e amigos dizendo - É isso cara, vamo lá. Não desiste, não. Vai dar certo, força! O nome da oficina é bem apropriado: La Solución!

As ruínas de San Ignacio Mini não são tão grandes, ou preservadas como a de Trinidad (Paraguai), mas tem uma infra-estrutura turística a nos ensinar. Audio-guias em Espanhol, Inglês, Francês, Alemão e Português.


Ruínas de San Ignácio Mini - Argentina

A noite, fui visitar o espetáculo de Imagem e Som. Antes da viagem eu havia lido um pouco sobre as missões, vi o filme A Missão. Mas ali, naquele show em meio as ruínas, sob a lua cheia de fevereiro, pude sentir o drama Guarani.
O Show de Imagens projetadas em árvores, colunas de água e nas paredes das ruínas, unido a uma excelente qualidade de som, chegaram a emocionar seus visitantes.
Só para adiantar um pouco, com as imagens e sons, revivi o incêndio das Ruínas. Recomendo!


Uma parte do show noturno.

No final do ano, eu, meu irmão Lia e meu sobrinho Gabriel fomos comprar fogos em Louveira e na volta o Lia colocou o cd do Alan Jackson, e como sempre faz, contou a história dessa música, Thanks God for de Radio, que quando ele estava longe de casa o rádio lhe era o elo com seus familiares.
Ainda no El Jesuíta, consegui conexão e meu outro sobrinho, o Robertinho estava online. Disse a ele para avisar em casa e logo o Gabriel conectou e lá estava toda a família: o próprio Gabriel, a Mãe, a Nega, a Jaque, o Marcelo, a Noemi, a Mariele e a aniversariante do dia, a Letícia. Foi uma festa, me invejaram falando de costela no bafo e Skol, mas tudo bem. A Mãe estava um pouco tensa, era o meu segundo contato. O outro fora em Asunción.
Thanks God for the Internet!

No outro dia, acordei com uma Fiaca (preguiça) e sai super-tarde, 11:30. Além disso, parei num boteco para comprar água e comer alguma coisa, pois o café da manhã já tinha ido há tempos.
Pensando em poupar um pouco o bagageiro dianteiro, dos 6,5 kg que levava, tirei dois e meio e coloquei no bagageiro traseiro.
Estrada.
Mal entrei na estrada, uns 2 km e pá... quebrou a corrente. Mais uma vez, tranquilo por saber que era um problema ao meu alcance de solução, encostei a bike e substitui o elo que rompera.

Fui a Santa Ana, em ruínas mesmo e finalmente saí da Ruta 12 e peguei a Regional 3 e depois a 4, foram muitas subidas em degraus, a primeira foi uma imensa linha reta de subida ondulante de 5 km. O dia foi duro, mas administrável. Leandro N. Além, a cidade de destino ficou uns cinco quilômetros após a divisa do município.

Já noitinha, oito e pouco, vi uma das cenas mais lindas desse caminho. Parei, sem enxergar muita coisa, empurrava a bike pelo acostamento quando vi, entre os troncos de pinheiros a gigante lua cheia amarela. Linda. Lindíssima que a máquina fotográfica não conseguiu registrar mas estará para sempre nas retinas de minha memória.

De Leandro N. Além, continuei pela Regional 4, que deveria chamar-se Rodovia dos Botecos Fechados. De longe, você vê o bar, num calor recorde de 43 Graus, louco de vontade de tomar algo gelado, vai encostando, encostando, desse da bike, tira as luvas e o capacete e todo feliz olha para o bar e... fechado. Foram vários desses, com o tempo, nem me iludia mais. Via um buteco e já sabia, fechado. Foi assim até a entrada de San Javier, quando à 7 km de chegar vi um boteco aberto, tomei mais de um litro de refrigerante gelado.

A última cidade dentro da Argentina seria San Javier e para minha sorte, naquela noite teria Carnaval.

O Carnaval Argentino deveria chamar-se Festa do Brasil. Como o Saint Patrick Day nos EUA é uma festa à Irlanda, ali o carnaval é uma festa em homenagem ao Brasil.

Músicas brasileiras era quase cem por cento e sem distinções, música sertaneja ao ritmo de carnaval, o vira dos Mamonas com sotaque argentino. Enfim foi uma boa despedida da Argentina. Tinha até uma Escola de Samba chamada Sapucay, mas a pronúncia que era engraçada, parece que falam: sapo cai.

Na manhã seguinte, corri até a balsa, cruzei sem problemas o Rio Uruguai e vi a placa da aduana brasileira:
BEM VINDO AO BRASIL.


Cruzando o Rio Uruguai entre San Javier e Porto Xavier

2 comentários:

  1. Por melhor que sejam as aventuras sempre é bom ver essa Saudação não é mesmo?
    Vai lá Guerreiro!!!

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  2. Parabéns!!!
    Mais uma vez vc provou que é possível conseguir alcançar os objetivos, mesmo com dificuldades e adversidades, procurando manter sempre o bom humor, coragem e determinação, que certamente lhe é proporcionado pela nossa conhecida "Máquina do Tempo"

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